STATUS

27 junho 2006

Salto Alto


Camunfladas as Paty's entram no guetto,
roupas comuns, palavras comuns, dia incomum...
olhos atentos no alto, abaixo, o som do ambiente,
o clima, o caos...
Saltos no chão, sujo e disforme,
os degraus, a ondulação, o piso, o esgoto a lama...
O perfume, o cheiro, o odor e o cabelo,
ar úmido, o esquema, o clima é tenso,
Os sorrisos escondem a dura realidade,
os olhos mostram quanta indignidade,
Olhares atentos, curiosos de plantão,
o suor escorre na palma da mão,
não tem noite nem dia, é periferia,
os gatos são pardos, e a injustiça vigia...
Os saltos são altos, mas não do calçado,
sistema é falido e o povo ferrado.
Enfim tudo bem, nada de mal
mas tudo separa quem se diz igual!!!

Social...blá...blá...blá...

Social...blá...blá...blá....
Pra mim o Social não passa disso,
é uma forma de dizer que "estão lutando ou cuidanto do meio social do cidadão", mas isso não ocorre na pratica ao meu entender, pois enquanto alguns engravatados, dão as suas ordens para seus subordinados, que redigem textos, filosofias, teses, baseados em números, estatísticas, que por sua vez também são importantes, mas não condizem concretamente com a realidade do dia a dia, pois são dados estanques, que linearizam, ou seja, colocam num plano comum determinados assuntos, daí saem os programas sociais, mas nunca perguntaram para as pessoas quais são as suas necessidades, quais são os seus sonhos, objetivos, etc...
A verdade é que nunca viram de perto a realidadee dessas pessoas, jamais vão ter a dimensão da sua complexidade de vida, nem com estatísticas, nem com os mais altos degraus que subirem em pós graduações e mestrados, que muitas vezes são adquiridos nas Faculdades "públicas" aonde a população da qual falo sequer tem acesso até mesmo ao laser, pois o campus fica fechado aos domingos, quando eles estão livres do seu trabalho, seja ele um bico, algo supostamente fixo.
A Hipocrisia me mata, dia a dia, mas não o meu espírito guerreiro e a minha gana por justiça!

23 junho 2006

Mãe Menina


"...Com 12 anos fui tratá da coluna de dores nas costas, porque eu lavava, passava e cozinhava, minha mãe sestentava a casa sozinha, porque meu pai... só no bar bebeno e eu já era dona de casa e mãe dos meus irmãos..."
(relato de uma familiar moradora de favela)
Rosto de menina, geito que dá gosto... dá gosto no almoço que a molecada tá faminta...
dá geito na roupa, que tá frio lá fora... no uniforme da escola, nas calsolas nas cuecas...
dá geito nos ratos, que se enroscam em trapos da limpesa por fazer, das sujeiras, pela casa...
geitinho de moleque, com toque de menina na educação da cria, da prole que não é mãe...
hora foste severina mulhér macho sim sinhô, que no campo ou na caatinga, vai mostrando o seu valô...
quer na casa ou na rua vai menina a vida é tua,
nos quintais de esgoto aberto, ou nas ruas de projétium...
Leva vida essa menina, mãe senhora, amiga, tia... vida passa e a infância te espia... lá vai tarde ela a dormir!!!

21 junho 2006

Pop Star

Quando se fala pop star, imagina-se de imediato alguém branco, de família nobre, que participa de algum grupo de música ou solo, que usa roupas finas, e frequenta os melhores bares e restaurantes...
Ao falar de Pop Star da Periferia, imagina-se um outro perfil, aquele que sempre está nos jornais, nas páginas policiais, procurado, assassino, estuprador, violência, torcida organizada, etc...rs...
O Pop Star de quem falo no caso é aquele neguinho que acorda todos os dias pela manhã, toma o seu banho rápido e sai pra trabalhar sem sequer dar um beijo na esposa ou um abraço no filho, nem ao menos um afago no cachorro, sem tempo pra tomar café lá vai ele, dobrando esquinas rumo ao trabalho, falando com Deus no percurso pedindo para ter mais um bom dia de trabalho duro...
Pop Star da sua própria vida, do seu próprio mundo, mundo periférico e perverso, cheio de adversidades, mundo do povo, da gente, da brava gente!!!
Como aquela senhora que acordou cedo pra receber o Agente, uma nova esperança, o atalaia, aquele que traz a notícia da tão esperada, o dinheiro não vem, mas quem quer esperar ? Aquela guerreira que faz o café olhando as horas, que cuida do filho pensando no bico, no trabalho de logo mais, que conta e administra as receitas do mês pulando de bico e bico, de lá pra cá, pra levantar algum $, e que corta cabelo, cozinha, lava, passa, o que vier, tudo pra sobreviver, aquela que não dorme pois o dia para ela não acaba, são 24h lutando, o marido que se foi, o filho que é rebelde, o dinheiro que não tem, o emprego que falta, o alimento do mês, a fome da vida... a ela e somente a ela dedico este dia de Pop Star... à mulher guerreira, mulher brasileira, à minha mãe... a verdadeira!

19 junho 2006

Me envergonho


Na pariferia a desinformação, e a má formação escolar ou analfabetismo e até mesmo falta de educação aquela que vem de família, que os pais passm para os filhos através dos exemplos, etc... por isso vemos hoje desencadearem situações de diversas dimensões, desde a violência doméstica, ao alcoolismo e as drogas, é lamentável a situação no nosso país, nas nossa periferias, nos nossos bairros, nas nossas comunidades, pelos relatos das donas de casa que se tornam avós antes mesmo dos 35 em média, que são abandonadas pelos seus companheiros ainda na adolescência, que engravidam precocemente entre 12 e 16 anos, que seguram a onda quando falta comida, que não t?êm o direito de ficar doentes pois a família sucumbiria, que não dão conta de cuidar dos filhos, da casa, das contas, dos pais, da saúde, do traballho, etc... que se vêem muitas vezes correndo atrás destes programas do goverbno para ter um leite, uma renda ou até mesmo uma promessa... tudo remedia... como analgésico, mas nada cura.
No meio disso tudo cadê o homem ???
Me envergonho muito qdo digo isso, mas é o que tenho visto em 98% dos casos que acompanho, muitos não existem, poucos estão reclusos, alguns alheios a tudo, outros no entanto como cachorros... é isso mesmo... cachoprros, assim é que posso definir, pois ao se aproximar alguém do seu território seja para trazer uma boa notícia, seja para trazer uma possível solução, eles recebem com olhar agrecivo, com geito suspeito, com palavras armadas, como o totó qdo quer atacar algum intruso, e as mulheres, ah... nossas mulheres, recebem sempre bem, atenciosas, carinhosas, sem muita delicadesa devido à batalha do dia a dia, aonde inclusive tem de assumir a postura dos marmanjos, mas sempre procurndo uma solução, um caminho, sempre na esperança, sempre na luta, sempre atentas!!!

08 junho 2006

Mudaram-se as moscas, mas a m...continua a mesma!

"O que aconteceu ontem no Congresso não foi um ato reivindicatório, até porque não apresentaram pauta. O que nós vimos ontem não foi uma cena de democracia, foi uma cena de vandalismo. Foi uma cena de pessoas que perderam o limite da responsabilidade no trato da coisa pública", acrescentou.
Presidente Lula 07.06.06
notícia completa - http://br.news.yahoo.com/060607/5/15j6h.html
O nosso presidente Lula falando sobre a invasão no congresso nesta terça feira. Hoje em reunião com algumas famílias do programa Ação Família - SP, o tema da reunião sócio-educativa era a saúde, mas em meio a um longo e proveitoso papo, surgiu de uma das pessoas (moradora de uma favela) a seguinte frase:

“...o brasileiro é fraco, ele tem medo... temo que fazê como fizeram em Brasília... arrancar aqueles safado da cadeira... o povo tinha que se reuni e ir lá... daqui uns dias vai ser aqui... “

Analisando as falas do Presidente e da moradora da favela, vemos que estamos falando da mesma coisa com enfoques diferentes, daí podemos observar o quanto mudou o nosso presidente, ele fala que “foi uma sena de pessoas que perderam o limite da responsabilidade no trato da coisa pública” realmente, o discurso do povo não foge em nada disso, perderam o limite, pois a coisa pública tem sido tratada de maneira irresponsável pelo nosso governo e pelos políticos em geral, isso pode-se ver no descaso com a população sem terra, sem teto, sem saúde, sem educação, sem comida, sem respeito, sem segurança, sem emprego, sem cidadania e finalmente sem estômago!
A frase do nosso presidente poderia ser usada por ele em outra ocasião a nosso favor, mas hoje a sua frase é usada do lado oposto, apenas trocando duas palavras então seria:
“Foi uma cena de pessoas que perderam o limite com irresponsabilidade no trato da coisa pública".

06 junho 2006

Laberinto


"os rato num são rato, parece jacaré, porque quando chove e alaga o barraco, nóis quase se afoga e eles sai nadando"
"us rato sobe pelos fio, até no 6º andar tem rato"

(depoimento de moradoras da favela e do cingapura "urbanização das favelas")


As madeiras foram trocadas por paredes, o chão de terra trocado por alvenaria, as janela enfim existem, os ratos e baratas foram herdados, os escadões foram trocados pelas escadarias enormes 1 andares, os becos e vielas trocados pelos enormes corredores que simulam os de um presídio qualquer, a iluminação da rua substituída pela penumbra, o abandono pelo descaso!
Hoje milhares de paulistas moram em aglomerados de prédios "populares" aonde continua existindo a droga, a violência, os ratos, as baratas, a prostituição e a fome!
As crianças continuam sem ter aonde brincar, sem ter laser, os jovens continuam tendo como distração as drogas, ou então como trabalho mesmo... as mulheres continuam sendo arrimo de família, e o homem a cada dia mais dispensável, principalmente com o envelhecimento.
Antigamente o mal da humanidade podia ser descrito como a incredulidade dos homens,, hoje se dá pela credulidade, pois todos tentam se apegar a alguma coisa para sobreviver, e infelizmente a maioria se apega a políticos, aproveitadores da politicgem e serviços de transferência de renda!

02 junho 2006

MULHER DE AÇO

"as muié num podi nem ficá doente, se ficá o barraco cai"
(frase dita por uma senhora moradora da favela)

Essa é a realidade da nossa quebrada, a mulher sustentando a família, dando duro dia a dia, no tanque, no sol, no chão, no farol... os filhos em casa ou na da visinha, sem creche, sem laser, na rua, na viela ou na linha... linha de pipa, linha do crime, linha de pobre ou linha de tiro...
sem brinquedo, sem diversão e sem dormir, ontem a polícia invadiu aqui e ali... o som dos tiros tiraram o sono, o silêncio trás de volta o abandono... do governo, das autoridades, do pai... aonde está ??? quem é ??? Não tem diálogo, não tem conversa, nem amizade, aqui não tem pressa... pra crescer, pra trabalhar, quem quer viver ? quem pode sonhar ?
E a mãe na batalha... 12, 13, 14 ... não importa, elas começam cedo, eles não tão nem aí, são elas quem seguram o B.O.
texto original de http://brava-agente.blogspot.com visite:

01 junho 2006

Bravagente 01.06


Muitas vezes julgamos saber como é a vida na perifa... especialmente no nosso próprio bairro, mas a verdade é que nunca paramos pra observar como vivem as famílias por lá!
Em reuniões com as famílias num desenho coletivo que representaria as famílias do bairro, pudemos perceber muitas coisas que até então não percebíamos, as famílias normalmente são monoparentais, aonde as mulheres (mães) moram sozinhas com os filhos, que na maioria das vezes são de 4 a 6 para mulheres de até 30 anos, com baixa escolaridade, ganham +/- um salário mínimo, trabalhando de diarista, moram em barracos de madeira, com apenas dois cômodos, normalmente sofrem com as chuvas, invasão de baratas e ratos enormes (até andam pelos fios de energia, que por sua vêz é "gato", pois aquele que deseja pagar tem a sua energia roubada e paga pelo que usa e pelo que não usa, assim tb é com a água, esgoto a céu aberto, falta de creche para os filhos menores, saúde precária, atendimento no posto de saúde terrível, enfim... vivem num clima de guerra!!!
Por isso chamo de guerreiras, que inclusive é aforma pela qual elas foram classificadas pelas famílias que participaram das reuniões!